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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Universidade Politica, que é isso companheiro?


Há um segmento da direita que usa um discurso de defesa da Universidade pública, gratuita e de qualidade. Isso soa um tanto estranho, já que o pensamento conservador é partidário da privatização do ensino superior. Afinal de contas, é apropriação indébita do projeto de universidade apresentado pela esquerda, ou já não existe mais diferença entre uns e outros?

A Universidade pública que a esquerda defende é a que atende à maioria da população. É contraditório falar de uma instituição social de interesse público quando parcela significativa de jovens está ausente dela. Não é casual que a Universidade "pública" que temos, especialmente alguns cursos oferecidos por ela, tem suas portas "fechadas" a uma maioria pobre, tomando a instituição antidemocrática, excludente e exclusivista. Isto ocorre com o objetivo de impedir que a população domine a ciência e não questione à elite pensante. Quem tem o conhecimento, tem o poder, ainda não esta ao alcance da grande maioria.

Pública significa que todos devem ter acesso a ela. Por isso, é fundamental que seja mantida pelo Estado com a participação da comunidade universitária na elaboração, fiscalização e execução de seu orçamento; que esteja comprometida com O desenvolvimento nacional, que seja autônoma e funcione de maneira democrática; que tenha um padrão de qualidade e que se adeque à realidade; que garanta a liberdade de pensamento; que transmita experiência à sociedade, enfim. que a geração do conhecimento seja inovadora e crítica dentro da diversidade e do pluralismo.

Já imaginou uma Universidade "fundacionada" que pesquise o grau de poluição de um rio ou o nível de contaminação de uma cidade ocasionado pela empresa privada que, ao mesmo tempo em que compromete o meio ambiente, seja a financiadora de tais estudos? Como mantenedora desta universidade privatizada, esta empresa não permitirá que a instituição publique os resultados dessa pesquisa. É o público postergado pelo privado.

Em segundo lugar, ela deve ser gratuita para atender a todos. As universidades norte-americanas sustentam pelas mensalidades e convênios com grupos privados. Porém, estariam inviabilizadas caso não houvesse o aporte de recursos públicos. A gratuidade democratiza a universidade, colocando-a ao alcance da maioria. E o retomo social dos recursos aplicados nesta Universidade não pode ser quantificado como um produto empresarial. Cobrar é elitizar, é bitributar.

Finalmente, a Universidade pública deve ser de qualidade. "O ensino superior de boa qualidade está ligado à pesquisa, à atividade crítica e criativa. Não cabe ao professor apenas reproduzir conhecimento estático e morto. Cabe a ele estudar, elaborar seu conhecimento de forma dinâmica e viva, atualizar-se e avançar na sua área de trabalho, estar disponível aos seus alunos fora das aulas, orientar e participar de pesquisas, realizar experiências originais, escrever artigos, assistir e dar seminários, criticar e expor-se à critica, participar do trabalho coletivo com seus colegas e alunos". (Cadernos ANDES, n° 2, 1986. pág.12).

O cientista político Francisco de Oliveira identifica com muita clarividência os verdadeiros inimigos deste projeto de Universidade que apresenta duas vertentes: 1)- a ilustrada e elitista. 2)- e a neoliberal. Enquanto a primeira está preocupada em transformar a Universidade em um centro de "excelência" ou "santuário" do saber, a segunda se propõe a mercantilizá-la, isto é, promover o empresariamenro do ensino superior. Ambas têm em comum um horror à universidade da maioria e para a maioria.

Acrescento uma terceira vertente à classificação acima posta: a direita inconseqüente. "Ela tem um discurso de esquerda e uma prática de direita. Defende a Universidade pública com os demais atributos, mas apóiam as fundações, as empresas juniores, à extensão cobrada, à prestação de serviços, os parques tecnológicos, e tantas outras formas de privatização”. É inconseqüente porque não está convencida daquilo que afirma defender. Ademais, tenta ser porta-voz de uma esquerda que se deslumbrou com o "fim da história".

Com a restrição global dos direitos sociais, com o ataque às organizações populares e com o avanço do pensamento conservador, este segmento de direita é visto como a única alternativa que parte da esquerda vislumbrava ate chegar ao poder. No momento, o grande equívoco desta esquerda, já que além de mesclar-se com a direita, muitos anos de trabalho e luta serão necessários para convencer as pessoas de que um projeto de nova Universidade passa por uma estratégia de nova sociedade. Tarefa difícil. Possível de construir coletivamente.


Prof. Jânio Batista de Macedo - Historiador

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